Trata-se da biografia de São Francisco Xavier, apóstolos do Oriente. Guido ... Missionário: evangelizar a China e o mundo, para fazer de todos os povos um.
Estamos no seminário diocesano de Parma, no ano de 1879. Um jovem
seminarista, de apenas 14 anos, ganha o concurso de melhor aluno de catequese. Seu
nome é Guido Maria Conforti. E o troféu é um livro que irá influenciar toda a sua
vida. Trata-se da biografia de São Francisco Xavier, apóstolos do Oriente.
Guido, em primeiro lugar, vai folheando o livro, apreciando as figuras que o
ilustram os feitos do Missionário. Depois começa a ler com crescente curiosidade.
A figura de Francisco Xavier, que deixara a pátria, os amigos e uma promissora
carreira profissional para ir às longínquas Índias, agiganta-se diante dele. Guido vê
Francisco descalço percorrendo as regiões ensolaradas da Índia meridional, pregando
aos “pobres infiéis”, segurando na mão direita o Crucifixo e na outra mão o terço. Vê
as multidões se ajoelharem a seus pés, enquanto ele batiza, batiza.... até o braço cairlhe
inerte de cansaço. Depois lhe ouve o apelo amargurado: “Gostaria de ir às
Universidades da Europa e gritar a plenos pulmões, como um louco, que muitas
almas vão para o inferno, porque não há quem lhes pregue a Boa nova do
Evangelho”.
O jovem Guido tem a impressão de ver o Santo enquanto opera milagres, cura
uma mulher moribunda, chama à vida um afogado e entrega às crianças indianas um
terço ou uma garrafa de água benta; e esta saem e rezam em altas vozes sobre os
enfermos, tocam neles com o terço e ficam curados.
Vê Francisco na ilha do Mouro, entre os canibais, pregar sem medo e amansar
aqueles homens. O vê em alto mar dirigindo-se ao Japão e finalmente navegar para a
China, aportar numa ilha deserta, Sanciano, e lá esperar alguém que o leve ao
Império Chinês, onde milhões e milhões de almas esperam a salvação que só Cristo
pode oferecer.
Mas também o vê definhar numa cabana aberta a todos os ventos e morrer com
as mãos estendidas para a China que não pudera converter.
O coração do jovem Guido bate forte. Pensando aos milhões de “infiéis”
chineses, que não tiveram a sorte de ser batizados por São Francisco Xavier, nasce em
seu coração o desejo de realizar o sonho do seu herói. Não poderia ele receber a
herança e levar avante o seu ideal? Ele, Guido, não poderia ser o continuador de
Xavier na grande façanha?
Dezesseis anos mais tarde, em 1895, sob a inspiração do Xavier, Guido Confori
dá início à família Xaveriana, que nasce com o desejo de continuar a obra do grande
Missionário: evangelizar a China e o mundo, para fazer de todos os povos uma
só família.
Mas vamos conhecer esse maravilhoso apóstolo do Oriente, padroeiro das
Missões, exemplo e inspirador de tantos missionários.
1. O CASTELO DE XAVIER
Entre a Espanha e a França existe uma fronteira natural formada palas altas
montanhas dos Pirineus, sempre cobertas de branca neve. Uma velha estrada romana
juntava o Reino espanhol de Aragão, cruzando o país de Navarra e levando até as
terras da França.
O majestoso e severo castelo de Xavier guardava a única estrada que levava ao
país Basco. O dono do castelo era o senhor Juan de Jasso, rico proprietário rural e um
dos mais influentes nobres da região. Sua esposa, dona Maria de Azpilcueta y Xavier,
de linhagem real, tinha-lhe dado vários filhos.
O filho mais novo foi Francisco, que nasceu em 07 de abril de 1506, no castelo
de Xavier, lá no norte da Espanha, em Navarra. Sua mãe preocupou-se com a
formação cristã deste menino, enquanto os irmãos mais velhos estavam a serviço de
nobres e reis, participando em sangrentas batalhas. Francisco, inteligente e meigo, foi
crescendo com outros sonhos e preferiu consagrar-se aos estudos.
2. O CRUCIFIXO DO CASTELO
No castelo de Xavier havia uma capela, onde a família e os empregados
encontravam-se para rezar e escutar a Palavra de Deus. Nesta capela ainda existe um
grande Crucifixo, que tanto atraia a atenção do menino Francisco. Ele se ajoelhava
diante do Crucifixo, fixando os olhos estáticos naquela figura sofrida.
O grande Crucifixo ornamenta o vetusto castelo há mais de 300 anos. O castelo
ergue-se sobre uma rocha escarpada, acessível apenas de um lado.
Os ensinamentos da mãe e a história da sua família vão imprimindo-se no
coração de menino como paredes construídas sobre a rocha firme.
Seus irmãos estão combatendo e conquistando a glória em Pamplona,
derramando o sangue dos inimigos. Francisco não tem gosto pelas armas. Embora
menino, compreende que não é com a força da espada que se conquista o mundo.
Prefere conquistá-lo com a força das idéias. Desde pequeno, dedica-se ao estudo.
Passa pelas escolas de Navarra, ao norte da Espanha, conseguindo atestados
brilhantes.
De vez em quando, o menino volta a contemplar o Crucifixo. A mãe explica-lhe
que o Crucificado morreu pelos outros. Não recuou diante do seu ideal, nem mesmo
com as mãos e os pés cravados na cruz. Francisco olha e gostaria de penetrar nos
olhos semi-cerrados daquele Crucificado.
No silencio da capela sombria, perdida entre intermináveis corredores e vastos
salões, Francisco vai perguntando em seu coração: “Afinal, quem és tu? Que queres
de mim?”
Não é aqui que nasce a vocação de Francisco, mas já sente que algo de
extraordinário aquele Homem Crucificado está pedindo dele.
3. FRANCISCO ADOLESCENTE
Já deu para perceber que a família de Francisco é abastada. Não são os pobres
que vivem num castelo. Mas as mordomias não duram muito tempo.
Quando Francisco chega a seis anos, começa a guerra entre Navarra e Espanha.
A França estimulara a guerra civil, porque isso favorece seus interesses. A divisão é
tão grande, que na própria família de Xavier há gente de ambas as partes.
Nos longos anos de batalhas, muitos castelos são destruídos, diversas vilas são
arrasadas e muitas terras acabam confiscadas. O próprio castelo de Xavier é
parcialmente destruído e a família fica arruinada.
Em 1520, os franceses e navarrenses atacam Pamplona, a mais importante
cidade da região. Na defesa da cidade está um nobre jovem basco, Inácio de Loyola.
Na batalha é atingido por um projétil de pedra, que acaba com todos os seus sonhos
de glória e o deixa coxo pelo resto de sua vida. Será ele o instrumento nas mãos de
Deus para mudar completamente o rumo da vida de Francisco Xavier.
Dois irmãos de Francisco estão do lado vencedor. Nesse período está
amadurecendo a adolescência de Francisco que cresce forte, ágil, inteligente, educado
na simplicidade e na profunda fé de sua mãe.
Quando a paz volta a reinar, a família Xavier começa a lutar para restaurar a
perdida prosperidade e prestígio. Os bons tempos têm de voltar! E Francisco, capaz e
dotado de uma capacidade particular de fascinar as pessoas, escolhe os estudos na
mais célebre escola superior da Europa d e seu tempo: a Universidade de Paris. Ele
sonha de reconstruir a sociedade não com as armas, o ódio e o sangue, mas com a
ciência, a cultura e a fraternidade.
4. ESTUDANTE EM PARIS
Antes de completar vinte anos, Francisco deixa a família e o castelo em ruínas, e
alcança Paris, onde entra a fazer parte do maior centro cultural da Europa do século
XVI. Aqui se achegam esperançosos jovens de todos os recantos, para se aprimorar
nos estudos e tornarem-se professores famosos.
Bom atleta, vencedor de competições na Universidade, bom companheiro, de
família nobre, e estudioso, Francisco não encontra dificuldade entre os novos colegas
universitários. Falta-lhe dinheiro, sem dúvida. Mas não lhe é difícil encontrar alunos
precisando de aula de reforço.
Apesar das dificuldades financeiras, Francisco, consciente de suas qualidades,
sonha com um futuro brilhante. Por isso sabe guardar-se. Como todos os jovens, ama
as festas, as alegres companhias, mas não quer se estragar como tantos colegas e
professores, vítimas da bebida e das doenças contraídas nas noitadas parisienses.
Compartilha o mesmo quarto com um jovem universitário: Pedro Fabro, de
humildes origens, que gosta de teologia e se empolga com as Sagradas Escrituras.
Francisco prefere a filosofia. Freqüentam a mesma classe e sabem conviver
pacificamente, dedicando muito tempo aos estudos.
Xavier, apesar da ótima formação cristã recebida de sua mãe, é um cristão que
poderíamos chamar de ‘minimalista’, um que cumpre suas obrigações religiosas
essenciais. Pedro Fabro já se sente tocado por Deus e sonha com o sacerdócio que se
aproxima.
Entre os universitários fervilham as idéias mais avançadas e nem sempre
ortodoxas. São dias de grande fermentação religiosa, social, política. As grandes
descobertas do tempo levaram os portugueses e espanhóis a percorrer todos os
oceanos da terra. A Reforma protestante produziu novas igrejas, e a reforma católica
caminha à procura de uma nova vitalidade na sua história milenar.
Francisco tem a sorte da presença discreta e sábia de Pedro Fabro, que o
mantém afastado dos caminhos da reforma protestante e o ajuda a descobrir na
Igreja Católica os rumos da renovação cristã mais autêntica.
5. “FRANCISCO É UM VASO DE ELEIÇÃO”
Enquanto Francisco ensaia seus planos universitários, seus pais no castelo de
Xavier vivem momentos de angústia. Todos os filhos debandaram, para viverem
juntos às cortes de Castela e de Aragão. Xavier já recebeu o convite do rei Dom
Francisco I. Por isso os pais estão na iminência de chamar de volta o filho benjamim,
para colocá-lo à testa do castelo, a fim de continuar o sangue régio de Navarra.
Entrementes a irmã de Francisco, Madalena, que entrara no mosteiro das
clarissas, tornara-se famosa por suas penitências e visões surpreendentes. Os pais
recorrem à filha, perguntando-lhe se devem chamar de volta Francisco ou deixá-lo
nos estudos.
Madalena responde com uma mensagem profética: “Se vos é cara a glória de
Deus, deixai meu irmão em Paris, a fim de que, depois da filosofia, ele estude a
teologia, porque Deus me revelou que Francisco é um vaso de eleição destinado a
levar para as Índias a luz da fé”.
Ao receberem esta missiva misteriosa, os pais entreolham-se pasmos e decidem
deixar Francisco nos estudos e guardar o segredo em família.
Assim o jovem Francisco pode continuar seus estudos junto com Fabro,
enquanto a amizade entre os dois vai crescendo cada vez mais.
6. UM COLEGA ESTRAVAGANTE
Um dia, entre os universitários de Paris aparece um indivíduo que é comentado
por todos. Seu jeito é extravagante, caminha mancando, mas ninguém o despreza.
Não anda de batina longa e reluzente como os universitários ricos, mas de toga
desbotada.
Há muitos comentários sobre o estudante misterioso de Paris. Chama-se Inácio
de Loyola e já tem 40 anos. Sofrera ferimentos combatendo nos muros de Pamplona
e ficara muito tempo enfermo. Agora encontra muita dificuldade nos estudos, mas
não desiste. Aos poucos consegue a amizade de vários professores, inclusive do Reitor
da Universidade. O próprio amigo de Francisco, Fabro, manifesta estima para Inácio.
Certo dia, caminhando pelo pátio da Universidade, Fabro e Xavier encontram o
misterioso acadêmico. Inicia a conversa. Inácio fala com Francisco como se fosse um
velho amigo e o convida abertamente a uma prática religiosa mais autêntica. Xavier
fica confuso, mas uma frase toca profundo no seu coração: “Que te adianta ganhar o
mundo inteiro, se perderes a tua alma?”
Francisco reage quase ofendido; é professor universitário e agora deve ouvir
uma catequese elementar de um estranho! Responde irritado: “E a ti que adianta
perder o teu tempo falando frases feitas para mim?”
Mas aquela frase, agora está gravada no coração e na mente de Francisco. Agora
é o próprio Jesus que lhe repete: “Francisco, que te adianta ganhar o mundo, ser
professor estimado por todos, ganhar dinheiro e glória... se depois vai perder a tua
alma?”
Aquela mesma noite, o amigo Fabro lhe faz uma proposta muito estranha:
“Vamos aceitar o velho acadêmico em nosso quarto, como terceiro companheiro?”
Francisco reage, mas Fabro fala com mansidão: “Inácio é um dos oficiais mais
renomados da Espanha. Sua fama tornou-se nacional quando defendeu o forte de
Pamplona contra os franceses. Foi lá que uma bala de pedra lhe estraçalhou uma
perna. Ele conhece muito bem teus irmãos e tem uma grande estima por ti...”
Francisco enrubesce. Agora sabe porque o estudante arrasta uma perna mais
curta. Em seu coração está nascendo um novo sentimento de estima e respeito.
7. “QUE ADIANTA GANHAR O MUNDO...?”
Aquela frase o persegue dia e noite e muda seu coração: “Que adianta ganhar o
mundo...?” No seu pensamento passa toda a sua vida: sua infância, seu castelo, sua
nobreza, seus sonhos de glória... Seu castelo ruiu, sua nobreza não é mais como a
antiga, seus bens acabaram, seus sonhos são como nuvens levadas pelo vento...
Agora volta ao pensamento aquele Cristo Crucificado que o olhava com tanto
amor na capela do castelo. Uma voz lhe pergunta: “Serias tu capaz de trocar o teu
castelo, do qual és herdeiro, os teus sonhos de grandeza e poder, por este Cristo
pendurado na cruz?”
O seu castelo estava alicerçado sobre a rocha, por isso foi possível reconstrui-lo.
Sua nobreza também, aos poucos, foi reconquistada. A família voltou à antiga
prosperidade.
Assim Francisco encontra seus alicerces fundamentados na fé em Cristo, o
amigo que sua mãe lhe ensinou a conhecer e amar. As palavras de Inácio, agora
companheiro de quarto, encontram um coração aberto, alicerçado sobre a rocha de
Cristo.
Num longínquo convento, a irmã de Xavier, Madalena, monja enclausurada,
está rezando como vítima de imolação por seu futuro apostolado, pois lhe fora
comunicado do Alto que Francisco seria um grande missionário. Também a mãe,
ciente da profecia da filha, está diariamente prostrada diante do grande Crucifixo do
castelo, pedindo a Deus que ilumine o filho no caminho da vida.
Aos poucos, Inácio vai lançando pequenas sementes no coração do novo colega,
repetindo discretamente: “Que te adianta...?”
8. A RECONSTRUÇÃO DO CASTELO
O imprevisto acontece. Francisco submete-se à escola espiritual de Inácio,
retirando-se do mundo por trinta dias. Na meditação e na oração, a graça de Deus vai
reconstruindo o castelo espiritual no coração de Xavier. O mesmo Cristo pendurado
na Cruz de seu castelo vai retomando seu lugar.
A fortaleza do castelo interior de Xavier começa a desabar. É a fortaleza do
egoísmo, da vaidade, das festas, dos sonhos de grandeza. Agora Francisco sente uma
nova liberdade interior. Descobre o valor de sua alma destinada à salvação. E
descobre também que há tantas outras almas que precisam de salvação.
Mas ele sente-se pecador, pequeno, mesquinho. Prostra-se de joelhos e reza
como o apóstolo Pedro: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um grande pecador!”
Terminados os trinta dias de intimidade com Deus, Xavier joga-se aos pés de
Inácio pedindo-lhe de ser o pai de sua alma. Os dois abraçam-se como se fizessem um
pacto de amizade eterna.
Outros colegas, aos poucos, vão aproximando-se de Inácio. Nasce uma pequena
comunidade de “amigos no Senhor”, de “companheiros de Jesus” que, como os
Apóstolos, estão dispostos a ir por todas as partes do mundo afim de anunciar a Boa
Nova.
Muitos países europeus já se entregaram ao protestantismo. Também o castelo
da Igreja parece desmoronar. Precisa o zelo de uns generosos amigos de Jesus para
reerguer os muros da Igreja
Até este momento, Francisco viu os estudos como um meio de autopromoção.
Agora começa a perceber que poderia torná-los um serviço precioso para muitos.
Com a sua ciência, seus conhecimentos e suas capacidades quer reedificar a Igreja
sobre os alicerces de Cristo e do Evangelho.
Para continuar lendo a história acesse http://iampara.verbumweb.net/download/Francisco_Xavier.pdf
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