Saiba como surgiu a
tradição das fogueiras de São João e São Pedro
Tradição comemora o nascimento de São
João Batista
Fogueira comemora nascimento de São João Batista
"A fogueira tá queimando em homenagem a São
João...", cantou Luiz Gonzaga. De acordo com a tradição católica, a
fogueira queimou, nas montanhas da Judeia, para anunciar o nascimento de João,
no dia 24 de junho. Foi a forma que sua mãe Isabel encontrou para comunicar a
chegada do filho à Maria, sua prima, que também estava grávida e seis meses
depois daria luz a Jesus.
"Como Maria, Isabel também engravidou contra
todas as probabilidades. Não era virgem, mas dizia-se que estava estéril e
tinha idade avançada quando concebeu o último filho. Ele se tornou um pregador
e ficou conhecido por batizar os gentios nas águas do Rio Jordão. [...] Para
ganhar de vez o apelido de `Batista´, realizou um feito capaz de fazer inveja a
qualquer outro santo: abençoou o próprio Jesus", comenta Luciana Chianca,
professora de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN).
Segundo Luciana, tais feitos conferiram a João
Batista um lugar de honra entre os santos católicos: ele é o único do qual se
comemora, assim como Jesus, o dia do nascimento e não o da morte, como os
demais santos.
Antes da evangelização da Europa, na Idade Média,
as fogueiras eram utilizadas em rituais pagãos, que celebravam a chegada do
solstício de verão no Hemisfério Norte. Como uma maneira de dar novo
significado às práticas pré-cristãs, a exemplo dos cultos solares e lunares
relacionados à vida agrícola, o dia 24 de junho foi incorporado ao calendário
cristão, como comemoração ao nascimento de São João Batista.
"Naquele continente, a diferença entre as
estações é bem marcada por um contraponto: o solstício de verão – dia com maior
duração da luminosidade do sol (21 de junho) –, e seis meses depois, o
solstício de inverno – dia menos beneficiado pela luz solar (21 de dezembro).
Entre os mais importantes cultos solares, registrava-se por toda a Europa a
queima noturna de fogueiras no solstício de verão, para festejar a vitória da
luz e do calor sobre a escuridão e o frio. A Igreja Católica adotou esses
marcos cósmicos, atribuindo aos primos João e Jesus dois momentos de honra para
seus nascimentos: o primeiro, perto do solstício de verão; o segundo, perto do
solstício de inverno", explica Luciana Chianca.
Reza a tradição popular que, para cada santo
junino, a fogueira tem de ser armada de uma determinada maneira: a de São João
deve ter uma base arredondada, já a de Santo Antônio deve ser quadrada e a de
São Pedro, triangular.
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